29 de jul. de 2010

Nada ficou no lugar…

mulher

Essa noite jurei pra mim mesma que não iria pensar em você, me prometi com todas as minhas palavras…

Mas não adiantou, por que quando eu te vejo isso acontece comigo? Por que meu estômago dá voltas e sinto aquele calafrio no pé da barriga quando meus olhos encontram os teus?

Queria poder entender…

Queria saber por que esse amor que rejeitei ainda me assombra, por que essa históriaainda me atormenta.

E pra acabar de acertar cheguei em casa, liguei o rádio na esperança de escutar algo que me animasse…

e escutei Adriana calcanhoto cantando MENTIRAS…

“…Que é pra ver se você volta,
Que é pra ver se você vem,
Que é pra ver se você olha,
Pra mim...

Nada ficou no lugar
Eu quero entregar suas mentiras
Eu vou invadir sua aula
Queria falar sua língua...”

Será que nunca vou me livrar desse amor?

Séra que vou pra sempre sofrer?

Pedi ao mar pra me ajudar, me ensinar a te esquecer, ele me repondeu que isso so o amigo tempo podia fazer!

27 de jul. de 2010

Sauvé IV

mulher_andando_sozinha

Ele estava demorando demais.

O telefone tocou, corri para atender…

Uma mulher que se identificou por Baiana disse que viria aqui na casa dele buscar algumas coisas, com uma voz um pouco irritada ela me contou sobre a festa. Nesse instante soube por que foi ele que me encontrou.

(na verdade eu sabia que desde que fui feita e que a mágica foi me dada de presente que eu iria a quem necessitasse de mim, nunca entendi direito… Por que sempre que não precisavam mais, me descartavam.)

Mas eu esperei que ele voltasse, eu tinha esperanças, ele tinha me transformado em mulher, na verdade o que ele sentia tinha me transformado. Tive falsas esperanças de que ele voltaria… Mas não voltou.

O engraçado é que ele ja tinha despertado algo jamais sentido em mim, ja havia me tomado como sua, como ninguém jamais fez, mas eu tinha que me conformar, aliás eu estava livre, era uma mulher, não ia mais estar presa a ninguém, eu queria acreditar nisso, precisava.

Vesti a a minha roupa, guardei aquela camisola azul dentro do travisseiro dele. Ele iria ficar com uma lembrança minha. Decidi sair dali o mais rápido possível, peguei uma carona e assim fui indo até passar pela fronteira, ali eu sabia que estaria longe dele e conseguiria esquece-lo como ele ja tinha feito.

Decidi dizer a ele que eu não era mais parte da vida dele, que ele podia seguir em frente. E assim eu fiz.

Tinha que ser grata a ele, mesmo depois de me abandonar, afinal foi o que ele sentiu que me transformou permanentemente, embora eu tenha pensado que seria diferente, estava grata.

Me sinto um pouco fraca, mas continuo na minha jornada, voltei ao Brasil, e estou trabalhando em uma cidadezinha do interior..  ainda lembro dele, pois beijou minha boca como se quisesse arrancar meu coração!

17 de jul. de 2010

O inesperado (parte II)

ele 

Ela parecia estar atordoada ainda quando terminou aquela aula, tão atordoada que nem percebeu que os olhos daquele professor não saiam de cima dela. Mas o sinal havia tocado, nem ela sabia que naquele curso havia sinal, como na escola, ela pensava que havia um jeito diferente de acabar a aula.
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O prédio onde localizava-se o curso pré vestibular era de estilo colonial, era lindo, e tinha um vasto pátio, ela foi até a varanda do 1º andar, onde era sua sala e ficou ollhando para um pé de Jambo que havia naquele pátio, e so pensava no gatinho que ela tinha conhecido mais cedo, “Meu Deus, gatinho não, professor! Ai!!!! E eu ainda critiquei o atraso dele, que mico… Mas ele tem um sorriso tão lindo… FOCO! FOCO GAROTA! vou enlouquecer” pensava ela enquanto olhava fixamente para a árvore.
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A semana passou rápido, e ela ainda não havia esquecido aquele sorriso encantador, aqueles olhos, e quanto mais ela pensava nele, mais ela se castigava, não mencionei aqui que a família dela era de professores e ela sabia bem o que “professores” acham de alunos. São como filhos, sobrinhos, amigos até… Jamais algo a mais, e mais uma vez ela repreendia-se por estar pensando nele.
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Atrasada ela nem sabia se devia ou não entrar na sala, mas entrou. Quando entrou, deu de cara com ele, e em plena segunda de manhã, com um óculos no rosto pra esconder a cara de sono, naquele momento ela encontrara um motivo pra estar feliz por não se encontrar na sua caminha.
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Então ele quebrou o silêncio e disse:
-Olá moça! Hoje não fui eu quem atrasou! Mas me sinto feliz que mesmo atrasada, você tenha vindo assistir a minha aula. Venha sente-se aqui!
Então ele tirou uma bolsa da cadeira na frente dele e apontou, ela sem dizer uma só palavra, com o rosto em chamas sentou-se.
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No meio da aula ele fez uma pergunta para turma, e sem obter resposta tocou no ombro de Vitória e disse:
Sabe me responder? Ela ficou paradaolhando para aquela mão que pousava sobre seu ombro, ele ja se virava quando ela respondeu:
-A síntese proteica é um fenômeno relativamente rápido e muito complexo que ocorre em quase todos os organismos, e se desenvolve no interior das células. Este processo tem duas fases:transcrição e a tradução.
Parecia que ele tinha consultado um livro (ou a Wikipédia) e com ar surpreso respondeu:
-Pensei que não soubesse. Parabéns! Muito bem explicado.
Ela ficou com o rosto rubro, mesmo morena dava pra perceber.
A aula acabou, ela estava saindo da sala, aquando ele a chamou e disse:
-Além de linda és muito inteligente. Quantos anos tem?
Ele vai me achar uma pirralha… não posso dizer que vou fazer 16 mês que vem…
_Tenho 18… (ficou calada por um momento e continuou) e vc?
-Tenho 24 faço 25 no dia 7 de maio e vc? … hehehe se quiser me dar um presente ja sabe a data… brincadeira viu… (e começou a rir)
-Faço dia 8 de maio, obrigada pelos elogios, tenho que ir agora, se não perco o ônibus.
E dizendo isso saiu da sala, olhou pra trás e lá estava ele olhando ela fixamente
-Xau Leandro!
_ Tchau Vick!
Ela enrrubeceu e saiu sem mais olhar pra trás…
                          
                                        (continua…)

Saúve (parte III)

 buquet azul (1)

Ele correu pra cama, como se fugisse de mim…

Mas é melhor assim… Posso transformar-me sem perigos.

Ele está deitado de costas pra mim… acho que dormiu, seu semblante era de cansaço…

Está quase na hora.. 5, 4, 3, 2 e Ula lá… ainda bem que tenho um lar de novo… estava cansada de ficar na mesma posição sem me transformar…

Nossa… estou com um rasgão no vestido.. preciso arrumar algo pra vestir.

Que flores lindas… ( A mesma magia que me deu vida me dá poder pra me arrumar com o que eu tiver a disposição, so tem um porém… A minha roupa quem desenha é minha dona em sua imaginação, sempre deixando meu nome gravado em minhas roupinhas, mas nunca tive um dono… espera ai… ele tá imaginando uma roupa pra mim? Vamos ver se consigo fazer…)

bouquet azul Consegui… Que bom!!!

Agora sim… será que estou bem? Vou soltar meus cabelos…

Ele está deitado… vou me aproximar, quero sentir o cheiro dele, sentir a textura da pele dele… Ele está dormindo, não vai sentir…

(Susto!)

E agora… ninguém nunca me viu assim… e ai está ele, abriu os olhos e me vê aqui em pé, ao lado de sua cama… parece não acreditar… vou me aproximar….

-Oi.

Ele novamente me olha, como se aprovando que eu me aproxime.

_ Não se assuste, eu posso te explicar…

ele continua calado… Vou me sentar na cama.

_ Eu sou a Carlina, sou a boneca que você resgatou mais cedo, obrigada viu! Sei que não sou igual as outras bonecas, mas peço a você que não conte a ninguém meu segredo, so poço me transformar quando me sinto em um lar, sergura. E senti isso hoje. Eu fico a velar os sonhos das meninas que me colocam ao seu lado na hora de dormir… nunca tive um dono… mas você

Ele não disse nada, apenas me pegou pelo braço e me beijou, nunca fui beijada daquela forma, recebia beijos de carinho… Mas aquele beijo, era de paixão… Me entreguei aquelas mãos, me deixei descobrir… pela primeira vez sentia o gosto de alguém daquela forma… e nunca senti tanta vontade de alguém…

A noite passou…

Ele está dormindo… Mas por que ainda não me transformei de volta?

vou sair da cama.

tem uma carta aqui…

Minha boneca, quando te fiz uma lágrima de amor te deu vida. Mas eras so uma boneca, te ensinei tudo o que sabes pra viver sem ser descoberta, so não te disse uma coisa: Quando esperimentares o sentimento que te deu vida, vida terás… Mas cuidado, a primeira lágrima que deixarés rolar de tristeza causada por essa paixão…Boneca voltarais a se tornar…

Ixih… Nem vou ler mais… Ele não vai me fazer chorar! Eu vou guardar essa cartinha aqui na gaveta… Aliás… de quem serão estas coisinhas de menina que eu achei ontem? não tem nenhuma menina aqui… Ora essa… vou cuidar da minha VIDA!

Hum… ja sei!!! Vou prepapar um café da manhã pra ele! Tem uns trocados aqui… vou comprar pão com eles.

Pronto. A mesa ta pronta… Nossa como estou amarrotada! Vou pegar aquela maquiagem que vi ontem… Que cor coloco… Hum… rosa é bom… Sempre gostei… mas não tem blush… não tem problema… Passo um pouco do batom…delineador nos olhos e ulalá estou pronta… a não.. esqueci de soltar meus cabelos… Pronto… agora sim estou pronta! Vou acordar ele!

Acho que não vai ser preciso…

Ele está em pé na porta da cozinha me olhando. E agora está se aproximando…

                                     (continua…)

Sauvé (parte II)

bocaEle está me carregando. Pra onde?

Parece que chegamos, não acredito, ele achou meus escritos, meu desabafo, como? Ninguém nunca havia enchergado nenhum escrito meu… Sempre fui como um ser sem vida.

Enquanto ele intretia-se lendo o que escrevi, me olhava no espelho… ao menos eu tentava… não poderia me dar ao desfrute de ser vista movendo-me… Nossa… como estou amarrotada, queria estar mais bela pra ele.

Ele virou-se muito rápido, ta me olhando de um jeito diferente, será que ele percebeu? Me pegou novamente nos braços, ajeitou meu vestido rasgado, e me pôs no colo. Que estranho, sempre fiquei nos braços de outros alguéns, mas nunca me senti assim. Ele sabia que eu queria me ver? Mas como? Ele parece pensativo…

O telefone tocou… (pela primeira vez ouvi sua voz…) Que voz era aquela, uma voz que me fez suspirar… Não pode ser… O QUE ESTA ACONTECENDO COMIGO…

Ele fez uma cara de espanto, o que será? (Será que me viu suspirar? ele ta saindo Espero que ele volte logo.)

Enquanto ele não volta eu me arrumo um pouco pra ele… Mas com calma, não quero que ele perceba que sou “diferente” das bonecas comuns…

Nossa parece que esse rapaz precede meus movimentos… (será que ele vai perceber que não me deixou sentada?)

Ele ta me olhando tanto… ninguém nunca prestou tanta atenção em mim.

Ufa… ele foi tomar banho…

Adoro a hora do banho, é quando as pessoas estão como em outra dimensão e é quando posso me libertar e cantar um pouco, escrever, me maquiar, me observar… Vou aproveitar que ele não está olhando. Pensando nele, lembrei-me de uma música que ele o rapaz que me costurou cantava quando fui feita ( uma lágrima me deu vida…) como era mesmo?

“Ontem ao luar nós dois em plena solidão,
Tu me perguntaste o que era dor de uma paixão.
Nada respondi calmo assim fiquei
Mas fitando azul do azul do céu  lua azul e te mostrei
Mostrando a ti dos olhos meus correr senti
Uma nívea lágrima e assim te respondi
Fiquei a sorrir por ter o prazer de ver a lágrima nos olhos a sofrer
A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir”

O chuveiro fechou… será que ele me ouviu?

ele abriu o chuveiro de novo… vou cantar mais baixinho

“A dor da paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir
É mister sofrer para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunto ao luar travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
pergunto ao luar do mar a canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor
Sentir o seu calor
O amaríssimo travor do seu dulçor
Sobe o monte a beira mar ao luar
Ouve a onda sobre a areia lacrimar
Ouve o silêncio a falar da solidão
De um calado coração
A penar a derramar os prantos seus
Ouve o choro perenal a dor silente universal
E a dor maior que a dor de Deus”

Ele fechou o chuveiro de novo… tenho que me controlar mais, não posso deixar que ele descubra que sou encantada (ainda da tento de me arrumar um pouco), que quando me sinto segura eu transformo-me… Que durante a noite eu sou UMA MENINA de verdade.. ele não vai dormir não? essa hora as crianças ja dormem, e eu posso me transformar e velar o sono delas sem problemas. Mas nunca velei o sono de um rapaz… Nossa olha ele, dá pra ver pelo espelho… Que corpo lindo, a água escorre pelo seu corpo e morre na toalha que lhe cobre da cintura pra baixo… o que mais seria diferente das meninas que eu ja conheci… Que volume é esse atrás da toalha…

Nossa… (se controla, se controla, ele vai perceber)

Ele viu, so pode… viu meu sorriso um tanto… malicioso eu acho..

Ele vai ficar parado?

Olha a hora.. so faltam cinco minutos e ele ainda não dormiu, e ta me olhando fixamente…

15 de jul. de 2010

O inesperado (parte I)

Inesperado

Ela, Vitória, tinha 15 anos, dona de uma beleza caribenha, desprovida de tantos cuidados. Sempre foi uma boa aluna, e seu maior sonho: Cursar medicina! Ela sabia que não seria fácil, e por isso, mesmo estando ainda no segundo ano do ensino médio, ela optou por duplicar sua jornada de estudos, sendo assim, matriculou-se em um pré-vestibular.

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No Primeiro dia de aula lá estava ela, radiante, cabelos molhados e soltos, algumas mechas cacheadas caindo sobre seu rosto, uma saia jeans com umas flores aplicadas em sua barra e uma camiseta branca, em seus pés uma sandália rasteirinha, deixando a mostra seus pés pequeninos, e esbanjava sorrisos, mesmo tendo acordado cedo, o que na verdade não lhe agradara muito, mas como ela estudava a tarde ou fazia o curso pela manhã ou não faria em horário algum.

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Ao adentrar na sala de aula percebeu que a sua turma não era nem um pouco parecida com a do colégio, a começar pela diferença de idade que havia entre as pessoas ali, tinha um senhor que poderia ser seu avô sentado naquela sala. Ela sorriu para turma e proferiu um sonoro: Bom Dia pessoal!

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Tirou seu caderno da bolsa e seu estojo com suas canetas e pôs em cima da banca. Como sempre gostou muito de escrever tratou de ir colocando seu nome e outras informações no caderno. A cada instante que a porta abria-se ela olhava anciosa, e pensava: “Será que é este o professor?”, Mas quando via, era so mais um aluno carregando seus cadernos e indo sentar-se no fundão da sala.

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Aquele professor ou professora ja estava atrasado, “Que irresponsável, eu me acordo cedo e essa professora ou professor me faz ficar esperando.”, nesse momento a porta da sala se abria, ela continuava a escrever em seu caderno, percebeu que alguém estava parado em sua frente, ela levantou a cabeça e deu de cara com um rapaz muito bonito. Sua pele era clara, os cabelos castanho escuros e lisos, uma pele lisinha, com seus 1,75 mais ou menos, olhos claros e aquele sorriso que a estremeceu por dentro.

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Ela mantendo a calma disse-lhe:

- “Bom dia, o professor ou professora está atrasado.”- e olhando pra trás percebeu que não havia mais banca disponível na sala e continuou falando:

- “Peça ao zelador que está ai fora que pegue uma banca pra você, se quiser pode coloca-la aqui.”

Ele sorriu e olhando pra ela disse com uma voz doce e suave:

-“Me desculpa?”

Ela sem entender perguntou o por que e ele lhe disse:

-“Por ter feito você esperar.”

Ela não acreditou no que acabára de ouvir. Ele dirigiu-se ao quadro e olhando pra turma disse:

-“Bom dia pessoal, meu nome é Leonardo, apesar da demora cheguei, sou o professor de Biologia de vocês”

Olhou pra ela e riu, ela por sua vez retribuiu.

(continua…)

Sapatos italianos e perfume francês: Vicissitudes de quartanista

Sapatos italianos e perfume francês: Vicissitudes de quartanista

12 de jul. de 2010

Sauvé

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    Senti que depois de ser tão amada pra nada mais serviria. Tinha um nome em meu vestido, era como a minha dona me chamava, ela mesma havia custurado em meu vestido, lembro-me do dia em que eu fui dada a ela, sempre estava em seus braços, a todo momento do dia.
   Os anos foram passando-se, ela foi crescendo e esquecendo que eu existia aos poucos. Um dia quando acordei vi que não estava na cama dela, olhei a minha volta e estava em uma caixa, nela haviam muitos como eu. Simplesmente perdidos, sem saber o que fazer… Eu sei que fazia tempo que eu não era abraçada por ela, a minha roupinha ja estava empoeirada, mas não pensei nunca que eu deixaria de ser a bonequinha preferida dela, ela me trocou por uma boneca de plástico… uma daquelas bem delineadas, simétricas, pintadas com precisão… e eu uma simples bonequinha de pano.
   Talvez eu realmente mereça estar em um caixote de papelão junto com essas coisas e esses brinquedos rejeitados. Será que todos os humanos são assim mesmo?   É devem ser mesmo, eles enjoam uns dos outros, por que não enjoariam de uma bonequinha de pano?

Qual será o meu destino? Sinto pingos a me molhar, sinto que pode ser meu fim, ouço um barulho forte, acho que são humanos passando, será que é agora…
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NOSSA….
tudo rolou agora…
Os brinquedos estão ainda dentro da caixa, algumas folhas estão espalhadas pela rua… ai… acho que vou cair em um buraco…
O moço me segurou, limpou a poeira de meu vestidinho, ele me fitava com aqueles olhos que me intrigram… pensei eu: “mais um humano que quer brincar comigo”
Mas ele me olhava com um olhar diferente, um olhar misterioso, intrigante…parecia ver o que meus olhos queria lhe mostrar, que apesar de não aparentar, eu estava machucada, apesar de meu lindo sorriso, eu estava em migalhas…
Mas eu finalmente estava segura? Será que ele veio pra me resgatar mesmo?

(continua…)

7 de jul. de 2010

Diário de um cão

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1ª Semana:
- Hoje completei uma semana de vida. Que alegria ter chegado a este mundo!

1º Mês:- Minha mamãe cuida muito bem de mim. É uma mãe exemplar!

2 Meses:- Hoje me separaram de minha mamãe. Ela estava muito inquieta e, com seu olhar, disse-me adeus. Espero que a minha nova “família humana ” cuide tão bem de mim como ela o fez.

4 Meses:- Cresci rápido; tudo me chama a atenção. Há várias crianças na casa e para mim são como “irmãozinhos”. Somos muito brincalhões, eles me puxam o rabo e eu os mordo de brincadeira.

5 Meses:- Hoje me deram uma bronca. Minha dona se incomodou porque fiz “pipi” dentro de casa. Mas nunca me haviam ensinado onde deveria fazê-lo. Além do que, durmo no hall de entrada. Não deu para agüentar.

8 Meses:- Sou um cão feliz! Tenho o calor de um lar; sinto-me tão seguro, tão protegido… Acho que a minha família humana me ama e me consente muitas coisas. O pátio é todinho para mim e, às vezes, me excedo, cavando na terra como meus antepassados, os lobos quando escondiam a comida. Nunca me educam. Deve ser correto tudo o que faço.!

12 Meses:- Hoje completo um ano. Sou um cão adulto.
Meus donos dizem que cresci mais do que eles esperavam. Que orgulho devem ter de mim!!

13 Meses:- Hoje me acorrentaram e fico quase sem poder movimentar-me até onde tem um raio de sol ou quando quero alguma sombra.
Dizem que vão me observar e que sou um ingrato. Não compreendo nada do que está acontecendo.

15 Meses:- Já nada é igual… Moro na varanda. Sinto-me muito só. Minha família já não me quer! Às vezes esquecem que tenho fome e sede. Quando chove, não tenho teto que me abrigue…

16 Meses:- Hoje me desceram da varanda. Estou certo de que minha família me perdoou. Eu fiquei tão contente que pulava com gosto. Meu rabo parecia um ventilador. Além disso, vão levar-me a passear em sua companhia!
Nos direcionamos para a rodovia e, de repente, pararam o automóvel. Abriram a porta e eu desci feliz, pensando que passaríamos nosso dia no campo. Não compreendo porque fecharam a porta e se foram. “Ouçam, Esperem!” lati… se esqueceram de mim… Corri atrás do carro com todas as minhas forcas. Minha angústia crescia ao perceber que quase perdia o fôlego e eles não paravam. Haviam me esquecido.

17 Meses:
- Procurei em vão achar o caminho de volta ao lar. Estou e sinto-me perdido! No meu caminho existem pessoas de bom coração que me olham com tristeza e me dão algum alimento. Eu lhes agradeço com o meu olhar, desde o fundo de minha alma. Eu gostaria que me adotassem: seria leal como ninguém!

Mas somente dizem: “pobre cãozinho, deve ter se perdido.”

18 Meses:
- Um dia destes, passei perto de uma escola e vi muitas crianças e jovens como meus “irmãozinhos”. Aproximei-me e um grupo deles, rindo, me jogou uma chuva de pedras “para ver quem tinha melhor pontaria”. Uma dessas pedras feriu-me o olho e desde então, não enxergo com ele.

19 Meses:- Parece mentira Quando estava mais bonito, tinham compaixão de mim. Já estou muito fraco; meu aspecto mudou. Perdi o meu olho e as pessoas me mostram a vassoura quando pretendo deitar-me numa pequena sombra.

20 Meses:- Quase não posso mover-me! Hoje, ao tentar atravessar a rua por onde passam os carros, um me jogou! Eu estava no lugar seguro chamado “calçada”, mas nunca esquecerei o olhar de satisfação do condutor, que até se vangloriou por acertar-me. Quisera que tivesse matado! Mas só me deslocou as cadeiras! A dor e terrível!

Minhas patas traseiras não me obedecem e com dificuldade arrastei-me até a relva, na beira do caminho..

Faz dez dias que estou embaixo do sol, da chuva, do frio, sem comer. Já não posso mexer-me! A dor é insuportável! Sinto-me muito mal; fiquei num lugar úmido e parece que até o meu pelo esta caindo…
Algumas pessoas passam e nem me vêem; outras dizem: “não chegue perto”. Já estou quase inconsciente; mas alguma força estranha me faz abrir os olhos. A doçura de sua voz me fez reagir. “Pobre cãozinho, olha como te deixaram”, dizia… junto com ela estava um senhor de avental branco. Começou a tocar-me e disse: “Sinto muito senhora, mas este cão já não tem remédio”. É melhor que pare de sofrer”.

A gentil dama, com as lágrimas rolando pelo rosto, concordou. Como pude, mexi o rabo e olhei-a, agradecendo-lhe que me ajudasse a descansar. Somente senti a picada da injeção e dormi para sempre, pensando em porque tive que nascer se ninguém me queria…