23 de ago. de 2010

Brincadeiras do destino II

lágrima

Depois de muito relutar, de tentar não acreditar… aquilo realmente havia acontecido. Ela estava apaixonada, perdidamente apaixonada. Havia aberto pra ele uma porta para seu mundo que antes nunca fora aberta, e por algum motivo ela não tinha medo.

Foram dias de glória, como se ávida pelo contato ela mal dormia pensando que dormir seria perder minutos e horas preciosas que poderia dedicar a ele. Um desejo incontrolável regia seus instintos, instintos aflorados ao som inigualável daquela voz. Aquela voz que a rasgava por dentro e ao mesmo tempo acalentava seus sonhos e os mais tórridos pensamentos.

Quando se encontravam o desejo sempre falava mais alto, e mesmo que em seu subconsciente algo dissesse a ela que ele era realmente o que ela esperava por toda sua vida, essa mesma voz dizia que algo iria acontecer… ela so não fazia idéia do que.

Naquela noite, ao conversarem ela parecia mais confiante e ele mais apaixonado, embora tivesse em uma primeira conversa prometido um ao outro deixarem as coisas acontecerem naturalmente, sem planos e nem convenções… ele frequentemente a lembrava que ela já  o pertencia e que jamais poderia pertencer a outro homem e se sentir completa como estava com ele, e ao mesmo tempo fazia questão de mostra-la que sem ela ele não era nada. Naquela noite se amaram como na primeira vez, mas algo era diferente, aqueles sentimentos de perda a assolavam novamente.

Depois daquele dia seu amado ausentara-se por mais de uma semana, ou até menos, mas o fato era que um minuto apenas, passado longe de seus braços, seus beijos, ela podia lembrar aquela pele alva, alguns sinais espalhados pelo corpo, um queixo levemente dividido, aquela boca que cada vez mais tinha fome e sede dela, e por fim aquele par de olhos que pareciam penetrar no mais profundo de seu ser, no mais entranho recanto de sua alma.

Ele finalmente mandara notícias, estava com problemas de saúde, por isso se ausentara e também não tinha tido condições de comunicar-lhe. Mas o seu coração ainda estava aflito, de fato, durante aquela semana sentiu aquela sensação de perda que já a assolara antes… mas como poderia ser explicado isso?

Ela não quis acreditar quando um calafrio percorreu sua espinha, fazendo seu corpo todo estremecer, ele disse que precisava conta-la sobre algo. Ela como se ja previsse o que aconteceria mais a frente disse em retumbante desespero “Você vai pro exterior não é?”.Ela não conseguiu prestar atenção na reação dele com o que ela lhe falara, mas aos poucos ele explicou que teria tomar uma escolha, mas que ele ja havia avisado a todos, e ela sentiu naquele instante como se estivesse apenas sendo comunicada de sua partida eminente.

Por que? Logo agora. Justamente quando ela finalmente aceitara que estava perdidamente apaixonada por ele, por que agora ele a deixaria, ele também a deixaria, ela não tinha mais dúvidas.

Ela segurando pra não chorar, mas era tão claro, sua voz falhara, e ela que sempre era tão falante jazia no silêncio, poucas palavras eram proferidas, de repente ela se viu pensando nos galanteios, nas horas a perder de vista de amor, de paixão. Ele ainda arrancou-lhe um beijo, mas ela quase não reagiu, estava sem forças como se houvesse sido golpeada, sentia na voz dele hesitação, desejo, uma confusão de sentimentos, e ela também os tinha. Mas ficou inerte, vendo essa reação ele se despediu carinhosamente com um beijo tenro em sua testa, por fim roçando-lhe os lábios nos dela. E se foi.

Ela não tinha mais nenhuma certeza…

So uma coisa existia agora dentro dela, e essa coisa era o medo do vazio!

2 comentários:

  1. Sinto-me em sintonia com a figura feminina desse texto que me tocou em profundidade.

    Abraço!

    Álly.

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  2. Ah vida... Ah coração... Coisas que só a gente sabe... maldade, crueldade, sorte, não sabemos ao certo. Coisas que queremos, desejamos mais que qualquer coisa... E nem sempre é fácil saber o que fazer ou dizer, em tuas palavras a dor e o medo mas acima de tudo a segurança...E a delicadeza de uma menina... Um lindo poema...

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